Minha Sampa investe na mobilização nas ruas e nas redes

(Material complementar à Coleção Mobiliza – fascículo 1)

Minha Sampa investe na mobilização nas ruas e nas redes

“O espírito do nosso momento é de que as pessoas saíram de uma certa apatia, do afastamento da vida pública e política, e estão cada vez mais interessadas, principalmente a partir de julho de 2013. Ficou muito forte esse engajamento. Existe um desejo de fato dos brasileiros estarem mais ativos, de fazerem a sua parte, de opinarem, de contribuírem para a produção de soluções. E aí muitas organizações têm um modelo de atuação pouco permeável a este desejo das pessoas”, comenta Anna Livia Arida, diretora executiva da Minha Sampa.

E é justamente nesse campo, visando promover uma participação cada vez mais ativa dos cidadãos em suas cidades, é que a Minha Sampa atua. A proposta é trabalhar o tema do momento com o objetivo de promover uma São Paulo (SP) cada vez mais justa e sustentável. Segundo Anna, a ideia é se conectar com o que as pessoas estão falando, o que traz um engajamento maior.

“Monitoramos os temas da cidade, aqueles que impactam a vida das pessoas, e, quando percebemos algo incomodando a vida pública, uma pauta amplamente debatida ou uma boa política pública que está meio esquecida, montamos uma campanha de mobilização. Não estamos engessados como algumas organizações que têm um projeto de seis meses para fazer e já está na fase dois, por exemplo, e precisa continuar no seu caminho. Temos um formato aberto que nos permite parar tudo, irmos estudar o tema e preparar uma ação, seja um show na Virada Ocupação ou lançar uma campanha. O que a gente aprendeu é que, para quem trabalha com mobilização, o tempo e o tema do momento é tudo”, ressalta Anna.

A Minha Sampa já promoveu uma série de iniciativas, como a campanha para a criação da Delegacia de Defesa da Mulher 24 horas na cidade. No início, todos que fazem parte da rede – já são 200 mil pessoas cadastradas – foram convidados a enviar um e-mail para o governador Geraldo Alckmin. Mais de 26 mil e-mails foram encaminhados. Para fortalecer a ação, a segunda estratégia utilizada foi pressionar via Facebook. A Minha Sampa criou uma mensagem e pediu para que as pessoas postassem também a mensagem em dia e horário marcado. Nada aconteceu. A terceira estratégia foi realizar ligações para o gabinete do Secretário de Segurança Pública.

A campanha terminou no dia em que a Lei Maria da Penha completou 10 anos. Nessa data, a Minha Sampa combinou uma mobilização presencial na Avenida Paulista, com muitas meninas amordaçadas. “No mesmo dia, à noite, foi inaugurada a primeira delegacia da Mulher 24 horas, na região da Sé. Claro que eles não vão falar que fizeram isso pela nossa mobilização. Não esperamos que nos deem crédito, mas ter acontecido no mesmo dia, depois de tanta pressão, não pode ter sido coincidência. A gente acredita que foi resultado sim dessa intensa mobilização”, aponta a diretora.

A Minha Sampa conta também com outras campanhas propositivas, como o lançamento da Avenida Paulista Aberta aos domingos. A expectativa é realizar mais mobilizações com este perfil, incentivando os cidadãos a pensar e fazer a cidade que realmente esperam e sonham.

Tecnologia em destaque

“Atuamos com tecnologia e isso é uma característica das organizações atuais. Precisamos estar onde as pessoas estão e elas estão nas redes sociais. Não tem como pensar numa organização atual que esteja fora deste circuito. Somos muito chamados por organizações parcerias para compartilhar essa nossa forma de trabalhar”, comenta a diretora.

A atuação da Minha Sampa segue alguns princípios que, segundo a equipe, impactam e conquistam a participação do público: 1. Todas as campanhas são muito embasadas, ou seja, preparadas a partir de dados, pesquisas e fatos consistentes; 2. As estratégias são pensadas para que as pessoas sejam parte da solução, participando ativamente das ações (envio de e-mail, postagem via redes sociais, presença nas atividades presenciais etc.); 3. Todas as conquistas e também as não realizações são compartilhadas constantemente com a rede que se engaja nas campanhas; 4. As ações são sempre apartidárias.

“Quando lançamos uma mobilização pressionando o governo Geraldo Alckmin, por exemplo, na época da crise hídrica, várias pessoas nos chamaram de ‘petistas’. E do mesmo jeito o contrário também acontece. Claro que têm pessoas que não entendem o lugar do apartidarismo. Mas, a maioria compreende. Não é nosso papel ser contra ou a favor de tal político”, comenta Anna.

Modelo de captação

A flexibilidade da organização tem a ver com o modelo de captação de recursos: não aceita recursos de governos e a estratégia sempre foi de captação institucional. A rede Minha Sampa hoje é um projeto da associação ‘Nossas’ – a antiga ‘Nossas Cidades’, um grande laboratório de ativismo. Entres as atividades está, por exemplo, a criação de aplicativos para promover o engajamento das pessoas nas campanhas.

O Nossas fomenta e reúne organizações autônomas de redes locais em diferentes cidades, que recebem o treinamento da associação sobre a metodologia, a marca, materiais etc. a partir da experiência do Meu Rio e da Minha Sampa. Hoje, são dez pelo país.

A Minha Sampa tem hoje 150 doadores mensais e tem buscado investir também na captação com pessoas físicas, principalmente em momentos específicos, como o Dia de Doar e na data de aniversário da cidade de São Paulo. “Temos investido tempo e reflexão para tentar entender o que faz com que as pessoas, além de se mobilizarem, queiram doar para trazer a sustentabilidade financeira de uma organização como a nossa”, comenta Anna.

Captação via crowdfunding também faz parte das estratégias de mobilização de recursos, mas para ações determinadas, como foi o caso da Virada Ocupação. Mesmo contando com a mobilização de voluntários, a Minha Sampa teve vários custos que não estavam previstos e, decidiu, lançar uma ação via crodwfunding pós-virada para arrecadar o valor que precisavam. A meta foi atingida em 100%. “Queremos continuar investindo e testando formas de mobilizar pessoas a financiar a organização”, ressalta a diretora.

Tendo em vista que a Minha Sampa ganhou o concurso “Desafio Google”, a rede tem o compromisso de levar a metodologia para 20 cidades em cinco anos.

Conheça mais: www.minhasampa.org.br

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