Entrevista: Beth Kanter e as organizações sociais conectadas

A Mobiliza entrevistou Beth Kanter, um dos maiores nomes de captação de recursos em todo o mundo, que virá ao Brasil para o Festival ABCR 2017. Beth é autora do consagrado livro “The Networked Nonprofit” (publicado em português com o nome “Mídias Sociais Transformadoras”) e de um dos blogs mais lidos sobre o tema, focado na sustentabilidade das organizações sociais.

Mobiliza – Considerando o crescimento da complexidade dos problemas sociais, em um mundo com indivíduos altamente conectados, como você vê o papel das organizações sociais no futuro?

Beth Kanter – A presença nas redes sociais é grande oportunidade de se conectar com seus públicos de interesse. Mas a presença de uma marca não é o suficiente nos tempos atuais, de tanta conexão e disponibilidade de informação. É muito importante que as pessoas que trabalham nas organizações sociais – todas elas – estejam presentes também nas redes sociais e criem o que chamamos de “marcas pessoais”. Isso pode ajudar a expandir o impacto da marca, e também construir um melhor perfil para as pessoas. Além do mais, as pessoas confiam nas pessoas e não necessariamente em logomarcas.

Mobiliza – O que você considera que sejam as três qualidades mais importantes de uma Organização Social Conectada, como você caracteriza em seu livro “The Networked Nonprofit”?

Beth Kanter – É importante que as organizações sociais sejam capazes de ouvir, de aprender continuamente e que sejam ágeis e adaptáveis. A organização tem que ser capaz de ouvir seus públicos de interesse. Eles falam da sua organização e de seus problemas nas redes sociais. É importante fazer parte dessa conversa. E depois de ouvir e se engajar, você pode aprender muito com o que as pessoas pensam, percebem e querem. Então você tem que ser capaz de aplicar tudo isso ao trabalho de sua organização, para torná-lo cada vez melhor.

Mobiliza – Você pode citar algumas organizações que considera como bons exemplos de Organizações Sociais Conectadas, no Brasil e no mundo?

Beth Kanter – Acredito que a Social Good Brasil é um ótimo exemplo de Organização Social Conectada. Nos Estados Unidos, eu recomendaria a Momsrising e a DoSomething.Org. As duas fazem campanhas online muito interessantes. A DoSomething trabalha com os jovens, e eles são ótimos e estão em constante aprendizado. A Momsrising é uma organização de advocacy, mestre no trabalho em rede.

Mobiliza – Qual o seu conselho para as organizações sociais do Brasil para que elas evitem seu esgotamento?

Beth Kanter – Reconhecer os sintomas de esgotamento e aprender a tomar cuidados antes que ele aconteça. O problema é que muitos de nós, do setor sem fins lucrativos, somos tão apaixonados pelo que fazemos que achamos ter de trabalhar o tempo todo, e isso não é produtivo. Períodos de descanso ajudam a criar resiliência e também a servir melhor nossos públicos de interesse e nossa causa.

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