Por que o Desenvolvimento Institucional é essencial para as ONGs?
O Desenvolvimento Institucional (DI) é fundamental para garantir a sustentabilidade e o impacto das Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Ele abrange áreas como governança, gestão, planejamento estratégico, captação de recursos e cultura organizacional, permitindo que as ONGs cresçam de maneira estruturada e ampliem sua capacidade de atuação.
No entanto, para que essa evolução aconteça, é essencial que as organizações diagnostiquem sua situação atual e identifiquem oportunidades de melhoria. Ferramentas de análise institucional desempenham esse papel, fornecendo um panorama detalhado sobre a organização, facilitando a tomada de decisões estratégicas e a elaboração de um plano de desenvolvimento institucional eficaz.
Sabendo da importância desse processo, a Mobiliza testou três ferramentas gratuitas e elaborou uma análise completa para auxiliar as ONGs na escolha do melhor instrumento para avaliar seu estágio de desenvolvimento e traçar um plano de aprimoramento.
Critérios de Avaliação das Ferramentas
A escolha de uma ferramenta de diagnóstico deve considerar fatores que garantam precisão na análise e aplicabilidade dos resultados. Para essa avaliação, utilizamos os seguintes critérios:
- Facilidade de uso e intuitividade – A ferramenta é acessível para organizações com diferentes níveis de estrutura?
- Autonomia no preenchimento – A ONG pode aplicar o diagnóstico de forma independente ou precisa de suporte externo?
- Abrangência da análise – Quais aspectos institucionais são avaliados? A ferramenta cobre áreas essenciais para o desenvolvimento institucional?
- Geração de relatórios – Os dados são apresentados de forma clara e útil para embasar a tomada de decisões?
- Credibilidade e reputação – A ferramenta foi desenvolvida por instituições reconhecidas no setor?
Confira a seguir a análise completa de cada ferramenta testada pela Mobiliza.
1. PACTO: diagnóstico regenerativo
Sobre a ferramenta
Criada pela PACTO em parceria com a VAMOS (Humanize, Fundação Lemann e República.org), essa ferramenta se destaca por sua abordagem inovadora, priorizando um diagnóstico regenerativo para organizações da sociedade civil.
A análise considera quatro dimensões fundamentais:
- EU – Saúde e pertencimento, potência de ação e desenvolvimento pessoal.
- NÓS – Qualidade das conversas, pluralidade e interdependência.
- INSTITUIÇÃO – Ethos, recursos e desenho organizacional.
- MUNDO – Estratégia, relação com ecossistemas e impacto.
Pontos fortes
- Diagnóstico inovador e aprofundado, com foco em aspectos humanos e institucionais.
- Visão sistêmica e integrada, indo além dos aspectos tradicionais como governança e gestão financeira.
Pontos fracos
- Uso de terminologias não convencionais, o que pode gerar dificuldades para algumas organizações.
- Acesso ao diagnóstico completo apenas após cadastro, o que pode ser um obstáculo para alguns usuários.
Conclusão
O Diagnóstico Regenerativo – PACTO é uma ferramenta valiosa para ONGs que desejam um olhar mais holístico e inovador sobre seu desenvolvimento institucional. No entanto, para aproveitá-la ao máximo, é necessário um alinhamento conceitual prévio.
2. Move Social: autodiagnóstico
Sobre a ferramenta
Desenvolvida pelo Instituto ACP, Move Social e Plataforma Conjunta, essa ferramenta permite um diagnóstico estruturado e acessível para organizações da sociedade civil. Seu maior diferencial é a padronização da análise, facilitando a aplicação em diferentes contextos.
O diagnóstico é feito através de planilhas no formato Excel e Google Planilhas, acompanhadas por um guia detalhado. Ele avalia 10 dimensões essenciais, incluindo governança, gestão financeira, comunicação e captação de recursos.
Pontos fortes
- Material de apoio completo, com guia explicativo e planilhas intuitivas.
- Acesso imediato e sem necessidade de cadastro.
- Geração automática de relatórios, permitindo análise eficiente dos dados.
Pontos fracos
- Pode ser um desafio para organizações menos estruturadas, como coletivos ou grupos recém-formados, pois o diagnóstico exige um certo nível de maturidade institucional.
Conclusão
A ferramenta é altamente recomendada para ONGs consolidadas, que buscam um diagnóstico claro, estruturado e prático.
3. Lupa: monitoramento
Sobre a ferramenta
A Lupa é uma plataforma digital desenvolvida pela Ponte a Ponte e Zigla, voltada para a avaliação das capacidades organizacionais das ONGs.
Pontos fortes
- Avaliação baseada em aspectos clássicos do Desenvolvimento Institucional.
- Relatórios detalhados que permitem análise comparativa ao longo do tempo.
Pontos fracos
- Exige cadastro prévio, sem opção de baixar planilhas para preenchimento imediato.
- O processo de preenchimento ocorre por etapas, podendo ser mais demorado.
Comparativo Final
Ferramenta | Destaques | Possíveis Desafios |
---|---|---|
PACTO | Diagnóstico inovador e regenerativo, com foco na cultura organizacional | Terminologia pouco convencional, acesso restrito às perguntas antes do cadastro |
Move | Estruturada, objetiva e com relatórios automáticos | Pode ser complexa para organizações em estágio inicial |
Lupa | Monitoramento contínuo da evolução institucional | Cadastro obrigatório e preenchimento por etapas torna o processo mais lento |
Conclusão Geral
A escolha da ferramenta ideal depende das necessidades da organização. Independentemente da opção selecionada, a realização periódica de diagnósticos institucionais é fundamental para fortalecer a governança, aprimorar processos internos e garantir a sustentabilidade organizacional.
Créditos da imagem: Freepik